Quarenta horas após a injeção transterreste a nave ja está a 122 mil quilômetros de distância e os primeiros traços da tênue atmosfera começam a ser detectados. A Apollo 11 está no interior de um estreito corredor imaginário rumando diretamente para a Terra à incrível velocidade de 39 mil quilômetros por hora.
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Os sinais da telemetria são captados e processados nos mais poderosos computadores existentes e em poucos segundos reenviam os dados da posição ao computador de bordo da Apollo 11, que ajusta milimetricamente a posição da nave. O corredor de reentrada tem aproximadamente 64 quilômetros de largura e qualquer erro pode fazer a nave alterar o ângulo com que atingirá a atmosfera. Caso o ângulo seja muito agudo o escudo térmico não aguentará e o calor produzido consumirá a nave em chamas, mas se for muito raso a Apollo 11 será ricocheteada na atmosfera, sem possibilidade de retorno.
A Apollo 11 cai vertiginosamente e quando atinge 150 quilômetros acima da superfície, o comandante Neil Armstrong aciona pela última vez os foguetes do Módulo de Serviço, provocando um derradeiro empuxo de menos de 100 quilos, mas suficientes para separar o Módulo de comando do Módulo de Serviço, que não é mais necessário. A gigantesca pilha de 110 metros de altura e 2900 toneladas que partira de Cabo Kennedy há oito dias estava agora reduzida a uma pequena cápsula de três metros e cinco mil quilos.
Alguns segundos depois da separação os retrofoguetes do Módulo de Comando são acionados e Buzz Aldrin orienta a espaçonave de modo que a proteção térmica aponte para a Terra. A espaçonave está a 70 quilômetros de altitude viajando a 34 mil quilômetros por hora. Controlados pelo sistema de orientação os retrofoguetes são novamente disparados e reduzem a velocidade da nave para 28800 km/h.
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O violento atrito da atmosfera rapidamente transforma a Apollo 11 em uma bola de fogo de 2800 graus Celsius. Esse é um momento extremamente crítico, comparada à permanência em um alto-forno durante 9 minutos. Durante esse tempo as comunicações entre a nave e o centro e controle são bloqueadas pela ionização dos gases que circundam a espaçonave e apenas a estática característica é ouvida.
No meio do oceano Pacífico uma verdadeira frota naval formada pelo porta-aviões USS Hornet, dois destróieres, sete aviões C-130 e diversos helicópteros vigia cuidadosamente cada milímetro do céu na espectativa de qualquer sinal da cápsula. Em Cabo Kennedy os controladores estão silenciosos e em todo o planeta as pessoas aguardam.
O comando militar no Pacífico confirma que uma de suas aeronaves já avistou a cápsula próxima ao porta-aviões, mas as informações são escassas. De repente, como em um passe de mágica a cápsula com os pára-quedas abertos surge nos monitores do centro espacial Kennedy e a voz entrecortada de Neil Armstrong ecoa nos alto-falantes: "Houston, aqui Apollo 11, Câmbio."
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A emoção, até aquele momento controlada, explodiu. Em todos os lugares do mundo as pessoas se abraçavam e comemoravam. O Homem foi à Lua e voltou. Aquilo realmente estava acontecendo e estava sendo transmitido ao vivo para quem quisesse ver. Em Houston os controladores explodiam em alegria. A imagem da Apollo 11 descendo lentamente de com seus três pára-quedas vermelho e branco era como uma obra de arte que estava sendo contemplada ao mesmo tempo em diversos cantos do planeta.
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Controlando ao máximo a emoção, o diretor de voo Eugene Kranz subiu em uma cadeira e em voz alta chamou a atenção dos controladores, pedindo calma a todos até que a missão estivesse finalizada. Quando finalmente a Apollo 11 tocou o oceano os relógios marcavam 13:55 do dia 24 de julho e nesse momento Kranz deu por encerrada a coordenação da mais importante missão do Século 20.