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Quarta-feira, 16 mai 2007 - 10h36

Cientistas confirmam derretimento recorde na Antártida

Uma equipe de cientistas da Nasa e outros ligados à universidades norte-americanas, encontrou novas e claras evidências de derretimento de uma gigantesca área no oeste na Antártica Oriental. O fenômeno ocorreu no ano de 2005, em resposta ao forte aumento de temperatura verificada.

O estudo, divulgado nesta terça-feira (15 de maio) foi elaborado a partir de imagens coletadas pelo satélite QuickScat da Nasa e é o mais significante degelo já observado nas últimas três décadas. Se combinadas, as regiões afetadas superam em tamanho a área do Estado do Mato Grosso.

O trabalho, elaborado pelos cientistas Son Nghiem, do JPL, Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa e pelo seu colega, Konrad Steffen, do Instituto de Ciências Ambientais da Universidade do Colorado, também utilizou dados de neve acumulada tanto na Antártida como na Groenlândia, entre julho de 1999 até julho de 2005.

O degelo observado ocorreu em múltiplas e distintas regiões, incluindo áreas no interior do continente, em altas altitudes e em altas elevações. Nas áreas interioranas, o fenômeno foi observado a mais de 900 quilômetros da costa, acima da latitude de 85 graus sul e a apenas 500 quilômetros do pólo, a mais de 2 mil metros de altura. Segundo os pesquisadores, as temperaturas do ar registradas nos momentos do degelo eram surpreendentemente altas, atingindo mais de 5 graus Celsius próximo das áreas afetadas, e permaneceram altas por mais de uma semana, mesmo após o degelo.

Ao contrário do ártico, recentemente a Antártida teve poucas elevações de temperatura, com exceção da área da península, onde as camadas de gelo vêm se rompendo. "Agora até mesmo as grandes regiões estão mostrando os primeiros sinais do aquecimento que já podem ser detectados por satélites", disse Steffen. "Um aumento do degelo, como o verificado em 2005, definitivamente terá um grande impacto nas geleiras antárticas, caso se sustente por mais tempo", completou.


Satélites, degelos e conseqüências
Radares a bordo do satélite enviam pulsos diretamente sobre o gelo, medindo e analisando os sinais que são ecoados de volta. Quando uma área derrete e depois torna a congelar, o gelo adquire propriedades similares à de um sorvete que se cristaliza quando é retirado do freezer e depois volta a ser congelado. Os instrumentos a bordo do QuickScat podem diferenciar essa espécie de "impressão digital" na camada de gelo, permitindo mapear em escala continental a extensão do derretimento e a subseqüente formação da nova camada gelada. No solo, estações métricas auxiliam a validar os dados do satélite.

Em 2005, o degelo foi tão intenso que foi suficiente para criar grandes camadas de água recongelada. No entanto, o derretimento não foi prolongado o suficiente para escoar a água em direção ao mar.

"A água descongelada pode penetrar dentro das geleiras através de fendas e rachaduras, formando verdadeiros rios glaciais", explica Steffen. "Se houver água em quantidade suficiente, pode atingir o fundo de uma geleira, lubrificando o leito da rocha e permitindo que grandes massas de gelo se movimentem em direção ao mar, contribuindo com a elevação no nível dos oceanos".

Segundo o professor Nghiem, a Antártida é o maior reservatório de água doce do planeta, e o derretimento na massa do gelo do continente influencia diretamente no nível dos oceanos. Se grandes massas derreterem, teremos também alterações perceptíveis na salinidade da água e mudanças importantes nas correntes marinhas.

Arte: Na foto do topo vemos parte do continente antártico, enquanto a segunda imagem mostra os dados comparativos feitos pelo satélite QuikScat. As áreas de gelo perene são mostradas em vermelho. Repare que no verão de 2006 a cobertura era 14% menor que em 2005. Cortesia: NASA/JPL.

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