Quarta-feira, 30 mai 2007 - 10h00
Já se foi o tempo em que conhecíamos apenas os oito planetas apresentados nos livros de escola. Depois de muita discussão, até o distante e gélido Plutão foi rebaixado à categoria de planeta-anão, mas nos livros educativos ele continua presente, firme e forte, para felicidade dos saudosistas.
Mas o sistema solar é pequeno e finito e aparentemente já contamos todos os seus planetas. A moda agora é procurar objetos para além dos domínios do Sol, os chamados exoplanetas ou planetas extra-solares. A contagem começou tímida e foi crescendo. Até o início do ano de 2007, os astrônomos contabilizavam pouco mais de 200 planetas, todos a muitos anos-luz do Sol. Atualmente, a tecnologia usada para pesquisar corpos localizados além do nosso sistema solar vem permitindo que esse número aumente dia a dia, surpreendendo cada vez mais os pesquisadores.
Durante o encontro anual da Sociedade Astronômica Americana, realizado na última segunda-feira, astrônomos norte-americanos anunciaram a descoberta de mais 28 novos planetas além do nosso sistema solar, elevando para 236 o número de exoplanetas já descobertos. O anúncio foi feito pelos cientistas Jason T. Wright e John Asher Johnson, ambos integrantes das universidades da Califórnia e de Berkeley, e reconhecidos entre seus pares por integrarem as equipes que mais planetas descobriram fora do sistema solar. De acordo com o comunicado, os novos planetas estão entre os 37 novos objetos descobertos. Todos orbitam uma estrela principal, mas são menores que a estrela. Sete deles foram confirmados como sendo anãs marrons, estrelas falidas, mas com massa muitas vezes maior que planetas do tamanho de Júpiter. Outros dois estão na região fronteiriça de tamanho e massa e podem ser gigantes gasosos ou mesmo pequenas anãs marrons. Wright disse que as técnicas de pesquisa se tornaram muito mais sofisticadas e capazes de detectar pequenos planetas, que muitas vezes orbitam muito longe da estrela principal. Por serem pequenos e estarem muito distantes, esses objetos produzem poucas perturbações gravitacionais na estrela que orbitam, tornado muito mais difícil sua detecção. Após ser descoberto em 2004, o astrônomo belga, Michael Gillon, da Universidade de Liege, observou através de instrumentos de precisão o cruzamento deste planeta na frente da estrela Gliese 436. Essa foi a primeira vez que um planeta do tamanho de Netuno pode ser visto cruzando um disco estelar. Duas semanas atrás, Gillon e seus colegas explicaram em detalhes como esse trânsito planetário permitiu calcular com grande precisão sua densidade, massa e raio equatorial. Sua densidade, da ordem de dois gramas por centímetro cúbico, duas vezes a da água, permitiu aos astrônomos especularem que o planeta pode consistir em 50% de rocha e 50% de água, com pequenas quantidades de hidrogênio e hélio. "A estrutura interior desse planeta é provavelmente um híbrido de Terra e Netuno, com um núcleo rochoso rodeado por uma significante quantidade de água, provavelmente comprimida e solidificada por altas temperaturas e pressões", disse Wright. O período orbital de 2.6 dias ao redor de Gliese 436 significa que o exoplaneta se localiza muito próximo da estrela, ao redor de 3% da distância entre a Terra e o Sol, o que o torna uma espécie de Netuno quente. Sua órbita é excêntrica, não circular como a maioria dos planetas gigantes encontrados. Esse achatamento da órbita sugere que estrela deve ter outra companhia planetária, mais distante, capaz de introduzir perturbações gravitacionais perceptíveis. "Acredito que em breve outros cientistas deverão observar este exoplaneta mais de perto, na tentativa de analisar e medir sua composição atmosférica", disse Wright. Dentre os 28 novos planetas extra-solares descobertos, alguns podem fazer parte de até quatro sistemas multiplanetários. De acordo com Wright, das estrelas conhecidas que possuem planetas ao redor, pelo menos 30% possuem mais de um. Como os planetas pequenos ou distantes são difíceis de detectar, o cientista acredita que essa porcentagem deverá subir à medida que as técnicas se tornem mais aprimoradas. "Há 10 anos, as técnicas utilizando efeito Doppler permitiam detectar oscilações na estrela somente a partir de 10 metros por segundo. Hoje os sistemas já permitem detecções de menos de 1 metro", finaliza. Arte: No alto, concepção artísitica da Nasa mostra o planeta orbitando Gliese 436. De acordo com Wright, o objeto deve ser formado por 50% de rocha e 50% de água, com pequenas quantidades de hidrogênio e hélio.ras e pressões", disse Wright. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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