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Quinta-feira, 24 jan 2008 - 10h56

Marte: Erosão eólica desafia cientistas espaciais

Marte é um planeta misterioso e fascinante. Quanto mais é estudado, mais dúvidas surgem sobre suas características e formação. Diversas sondas orbitam à sua volta enquanto robôs exploradores enviam dados de sua superfície diariamente. Marte é um desafio aos cientistas e não será surpresa se em alguns anos forem encontradas formas de vida, mesmo que rudimentares. Se bem que neste caso seria uma revolução sem precedentes e mudaria a maneira com que vemos nós mesmos!

Enquanto essa revolução não acontece, alguns pesquisadores continuam seus trabalhos e tentam desvendar outros mistérios que cercam o Planeta Vermelho. Um desses mistérios diz respeito à ação dos ventos sobre superfície do planeta.


Padrões de erosão eólica
Marte tem uma atmosfera muito tênue e delicada, com pressão atmosférica que não chega a 1% da encontrada na Terra. Isso desafia os cientistas espaciais, que não conseguem achar uma resposta satisfatória para explicar os complexos padrões esculpidos pela ação dos ventos, mostrados nesta imagem captada pela sonda norte-americana MRO, ou Mars Reconnaissance Orbiter.

Uma das principais perguntas é se os ventos que sopram atualmente em Marte são fortes o suficiente para formar e mudar as feições geológicas do planeta ou se as formações verificadas foram feitas no passado, talvez quando a velocidade do vento e a pressão atmosférica era maiores.

Orbitando a superfície de Marte a 290 quilômetros de altura e uma velocidade de 3400 metros por segundo, a sonda MRO carrega em seu interior uma das câmeras de maior resolução em atividade no espaço, a HiRISE, desenvolvida pela Universidade do Arizona (EUA), capaz de imagear detalhes menores que meio metro. E são essas imagens que tentam trazer algumas das respostas procuradas pelos cientistas.

"O que vemos parecem pequenas camas de areia no topo de grandes dunas. Se aproximarmos um pouco mais, um terceiro conjunto de camas parece surgir no topo das menores", diz Nathan Bridges, analista das imagens HiRISE, ligado ao JPL, Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa. "Se fosse na Terra, pequenas camas de areia poderiam se formar e modificar em menos de 1 dia", completou.

Existem dois tipos de camas de areia, que são terrenos formados por materiais trazidos pelo vento. Podem ser dunas de areia tipicamente grandes e com padrões distintos ou podem ser rasteiras, onde a areia é misturada à partículas mais grossas. As dunas rasas são normalmente pequenas e mais lineares.

A câmera HiRISE mostra em detalhes os sedimentos que foram depositados pelos ventos ao lado das pedras, enquanto as ´trilhas de ventos´ mostram o caminho que as correntes de vento sopraram. Esses detalhes já haviam sido visto antes pelos robôs que atuam na superfície, mas é e a primeira vez que são observados do espaço.


Yardangs
Com dados da Mariner 9, no início da década de 1970, os cientistas já haviam descoberto outras estruturas formadas pela erosão do vento. Algumas delas chegam a mais de 3 quilômetros de comprimento e foram esculpidas pela ação do vento que por milhares de anos soprou ou sopra na mesma direção. Essas estruturas são chamadas de yardangs.

As imagens atuais, no entanto, revelam novos detalhes em pequena escala, que deverão ajudar a compreender melhor a formação dos yardangs. Além disso, auxiliarão os pesquisadores a estudar a direção dos ventos em todo o planeta. As cenas também mostram que algumas camadas nos yardangs são constituídas de material mais mole, que parece ter sido modificado pela ação do vento. Segundo Bridges, esse material pode ser depósito de cinzas vulcânicas ou material ressecado, formado por gelo e poeira. "O fato de termos camadas diferentes demonstra que o processo que formou os yardangs não é tão simples, mas uma complicada seqüência de processos", disse.


Desafios
Como vemos, se estudar a Terra já é uma tarefa super complexa, com milhares de variáveis ainda não bem conhecidas, imagine então estudar Marte, onde a maior parte dos dados é coletada por sondas e robôs a milhões de quilômetros de distância? Pelo jeito o Planeta Vermelho continuará misterioso por muitos e muitos anos, mesmo que a descoberta de vida seja apenas mais entre centenas de descobertas. Mas se isso de fato acontecer, aí sim, o mistério vai tomar proporções gigantescas com especulações cada vez maiores!

Fotos: No topo, imagem captada pela câmera HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) a bordo da MRO mostra marcas deixadas por vórtices de vento próximos ao sudeste da bacia Schiaparelli. Acima, a sonda MRO em órbita sobre Marte.

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