Terça-feira, 24 mar 2009 - 09h53
Apesar das explosões estelares - as supernovas - já terem sido observadas à vista desarmada ou com telescópios de última geração, pela primeira vez na história os astrofísicos puderam ver diretamente o que acontece quando uma estrela 50 vezes maior que nosso Sol explode. Essa é a primeira observação desse tipo e segundo os pesquisadores o evento foi acompanhado até a transformação da estrela em um buraco negro.
A observação do evento foi feita por cientistas do Instituto de Ciências Weizmann, de Israel e por pesquisadores da Universidade de San Diego, dos EUA, que utilizaram imagens captadas pelo telescópio espacial Hubble e pelo telescópio Keck, instalado em Mauna Kea, no Havaí. A explosão ocorreu no ano de 2005 na galáxia NGC 266, a 200 milhões de anos-luz de distância. Para testemunhar a explosão os pesquisadores Avishay Gal-Yam e Douglas Leonard localizaram e calcularam a massa de uma estrela gigante, próxima ao ponto de erupção e acompanharam todos os passos até o momento da explosão final e suas consequências. As conclusões dos cientistas deram ainda mais sustentação à teoria vigente de que estrelas entre dez e centenas de vezes a massa solar culminam sempre em buracos negros.
Estrelas similares ao nosso Sol terminam sua vida quando consomem totalmente suas reservas de hidrogênio, ardendo em uma silenciosa e gigantesca expansão de diâmetro. No entanto, estrelas com oito ou mais vezes a massa solar finalizam sua vida de modo muito mais cataclísmico. A fusão nuclear continua mesmo após a exaustão do hidrogênio, produzindo elementos pesados em diferentes camadas. O processo continua até que o núcleo estelar se transforme em ferro, quando então outro fenômeno ocorre: devido à descomunal temperatura e pressão, os átomos do ferro também se rompem em seus componentes prótons e nêutrons. Quando isso acontece as camadas superiores ao núcleo desmoronam, lançando ao espaço o resto do material estelar e produzindo um poderoso clarão chamado flash da supernova. A explosão é descomunal. Em poucos dias a supernova libera mais energia do que nosso Sol em toda a sua vida. A explosão é tão brilhante que mesmo ocorrendo a centenas de anos-luz de distância pode ser vista da Terra até durante o dia.
Mas as coisas não param por aí. Se a supernova que acabou de explodir possuir 20 vezes mais massa que nosso Sol, sua gravidade se torna tão forte que nem mesmo a luz, que viaja a 300 mil quilômetros por segundo, consegue escapar de seu interior. Essa ex-estrela, chamada agora buraco negro, se torna então invisível.
A observação revelou que apenas uma pequena parte da massa da estrela foi lançada para fora durante a explosão. A maior parte do material, diz Gal-Yam, foi atraída para a região central do colapso pela violenta atração gravitacional. A sequência de imagens após a explosão mostrou que a estrela havia desaparecido. Em outras palavras, a estrela tornou-se um buraco negro, tão denso que nem mesmo a luz consegue escapar.
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