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Terça-feira, 08 set 2015 - 09h22

Impacto profundo: cientista propõe método para desviar asteróide

As teorias para salvar a Terra de um possível impacto de um asteroide não são novas e vão desde a instalação de foguetes propulsores na própria rocha, que a tirariam da rota de colisão até à explosão atômica do asteroide, que o fragmentaria em mil pedaços. Até o presente momento, no entanto, não existe nenhuma tecnologia capaz de evitar uma grande colisão, mas os cientistas não dão o braço a torcer.


Veja o Vídeo do meteoro de Bancoc


Pensando nisso, um aluno de doutorado em engenharia aeroespacial da universidade da Carolina do Norte propôs, em 2009, uma maneira relativamente simples e eficaz de desviar asteroides e outros objetos em rota de colisão contra a Terra. Segundo a teoria bastaria prender ao asteroide uma longa corrente presa a uma âncora.

"Com esse simples método você muda o centro de massa do objeto alterando efetivamente sua órbita, que ao invés de se chocar com a Terra avançaria em outra direção", disse David French, autor do trabalho. A teoria ganhou a simpatia de outros pesquisadores e foi aceita para ser apresentada na Conferência Space 2009, promovida pelo Instituto Americano de Aeronáutica e Espaço, que ocorrerá em setembro na Califórnia.

Atualmente estão identificados mais de 1000 objetos "potencialmente perigosos" e que representam algum tipo de risco contra a Terra. Apesar de nenhum deles estar em rota de colisão, não se pode prever futuras alterações de órbitas provocadas por atração gravitacional ou interações com o vento solar. Pequenas alterações em suas trajetórias podem fazê-los impactar contra a Terra.

Pensando nessa possibilidade, French e seu orientador Andre Mazzolen, professor de mecânica e engenharia aeroespacial, estudaram como um sistema "asteroide-corrente-âncora" poderia ter sua dinâmica alterada, reduzindo ou eliminando a chance de impacto.

"Não é fácil imaginar a escala do problema e as potenciais soluções", disse French. "A Terra vem sendo atingida por objetos desde há muito tempo e nós conhecemos bem os efeitos negativos disso. Há 65 milhões de anos um asteroide de grande tamanho atingiu a terra ao sul do Golfo do México e simplesmente varreu os dinossauros do mapa".

Em 1907, um pequeno fragmento, talvez originado de um cometa, praticamente acabou com uma área similar a Nova York. "Em outras palavras, a escala para nossa solução é difícil de ser avaliada", explicou French.

O pesquisador estima que o tamanho da corrente necessária para alterar o centro de massa pode variar entre mil quilômetros até mais de 100 mil km, (suficientes para dar duas voltas e meia ao redor da Terra). Apesar dessa variação ser bastante grande, French acredita que é a melhor ideia proposta para desviar um asteroide.

Asteroide de Chelyabisnk
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"Pesquisamos também outras possibilidades, mas sem condições reais de serem colocadas em prática, entre elas pintar um dos lados do asteroide de preto a fim de alterar o modo como a luz aquece sua superfície, alterando sua órbita ou prender o asteroide a outro objeto próximo, também mudando seu centro de massa. Também existe a chance de explodir o objeto com bombas nucleares, mas neste caso existem obstáculos políticos e técnicos quase intransponíveis, além de provocar uma chuva de fragmentos que poderia agravar ainda mais a situação".

Apesar de parecer simplista, a teoria da corrente-âncora ganha adeptos e poderá ser de fato uma opção real para desviar objetos em rota de colisão.

Todas as peripécias vistas em filmes, como bombas nucleares fragmentando os asteroides, são de fato ficção, já que a tecnologia necessária para isso não existe. As melhores estimativas mostram que atualmente seriam necessários pelo menos 20 anos, após a detecção de um asteroide em rota de colisão, para que uma tecnologia para desviá-lo ou destruí-lo fosse desenvolvida.


O mais perigoso
Ao que tudo indica, o asteroide mais perigoso com maiores chances tem de impactar diretamente com a Terra é o objeto batizado de 1950 DA.

Segundo dados do JPL, as chances de colisão são da ordem de 1 em 300 e deverá acontecer no ano de 2880. Esse objeto, um esferoide assimétrico, tem um diâmetro de 1.1 km e gira ao redor do próprio eixo em 2.1 horas, o mais rápido movimento rotacional observado em um asteroide desse tamanho.



Artes: No topo, pequeno asteroide penetra a atmosfera acima da cidade de Bangcoc, na Tailândia, em 7 de setembro de 2015. Acima, asteroide de Chelyabinsk, que atingiu o centro sul da Rússia em fevereiro de 2013. Créditos: RT, Wikimedia Commons/Nasa/JPL.

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