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Segunda-feira, 15 mar 2010 - 08h45

Fragmento de cometa é registrado pelo telescópio espacial Soho

Arlindo Klein é um observador do espaço e todos os dias não deixa de dar uma olhada nas imagens enviadas pelo telescópio espacial Soho. Cosmonauta, como é conhecido entre os amigos, adora ver os planetas e estrelas passarem na frente das lentes do telescópio, mas naquele dia algo diferente estava se aproximando do Sol em alta velocidade. E não eram os planetas ou estrelas habituais.

Cometa família Kreutz
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Estudioso dos fenômenos astronômicos, Cosmonauta utiliza algumas imagens simuladas para saber com exatidão quais objetos estão no campo de visão do telescópio. Isso evita confundir a passagens dos astros com artefatos esporádicos que vez ou outra brilham à frente das lentes. No entanto, o objeto visto nas imagens de 12 de março era bem diferente. Era uma espécie de flecha, um cometa, que parecia se dirigir diretamente contra o Sol.

Arlindo já imaginava que o objeto podia ser de fato um cometa, mas não tinha certeza. Assim, resolveu buscar auxílio e escreveu para a equipe do Apolo11 na tentativa de obter qualquer informação que pudesse ajudá-lo a resolver o enigma. Afinal, se era um cometa, qual seria?

Ao recebermos o email de Cosmonauta, fomos verificar do que se tratava. Não havia dúvidas de era um cometa, mas os catálogos de efemérides celestes não informavam exatamente qual desses errantes viajantes estaria tão próximo do Sol. Somente após algumas horas de pesquisa conseguimos desvendar o mistério.

Família Kreutz
O objeto registrado pelas lentes do telescópio espacial Soho era na verdade um objeto da família cometária Kreutz, composta de uma série de fragmentos de um grande cometa que se partiu há mais de 2 mil anos. Diariamente, diversos desses fragmentos passam próximo ao Sol e se desintegram, mas como a maioria é muito pequena, acabam passando despercebidos. Ocasionalmente, alguns pedaços maiores chamam a atenção e são registrados pelo telescópio e vistos pelos observadores.

Os objetos da família Kreutz foram assim batizados após terem sido descobertos, no século 19, por um jovem astrônomo chamado Dirk Peeters Kreutz.

Mais fragmentos
O que talvez nosso amigo Cosmonauta não tenha percebido é que o fragmento observado não estava sozinho. Algumas horas antes, outro fragmento já tinha se desintegrado nas proximidades do Sol enquanto outros o fariam algumas horas depois, em uma espécie de bombardeio rítmico.

Além da aparição cometária, a sequência de imagens mostra também o planeta Mercúrio se deslocando da direita para a esquerda na imagem, além de uma forte Ejeção de Massa Coronal (CME) que parece acompanhar o desaparecimento do primeiro fragmento, mas que nada tem a ver com ele.


Ilustrações: No topo, imagem captada pelo telescópio espacial Soho em 12 de março de 2010 mostra diversos acontecimentos se desenrolando frente às lentes do coronógrafo Lasco C3. Além do fragmento de um cometa se aproximando do Sol, a cena também retrata o trânsito do planeta Mercúrio e uma forte ejeção de massa coronal, formada por enormes bolhas de gases ionizados com até 10 bilhões de toneladas lançadas no espaço à velocidades superiores a um milhão de quilômetros por hora. Acima, vídeo postado por Kurt McNamara mostra outros objetos da família Kreutz vistos nas imagens do SOHO. Crédito: Nasa/Soho/Youtube/Apolo11.com

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