Segunda-feira, 26 jul 2010 - 09h15
Localizar objetos e cenas aparentemente escondidas com auxílio do Google Earth é uma tarefa corriqueira para muitos curiosos, mas encontrar uma cratera de impacto em pleno deserto do Saara não é um feito tão comum assim. O trabalho é bastante árduo e envolve muita paciência e metodologia para vasculhar o gigantesco terreno visto do espaço.
Clique para ver no SatMaps Utilizando uma série de imagens de satélites gerenciadas pelo software Google Earth, um grupo de pesquisadores italianos anunciou nesta semana ter encontrado um raro tipo de cratera, que segundo eles tem poucas centenas de anos. A marca do impacto foi localizada em uma remota área do sudoeste do Egito, em pleno deserto do Saara. Apesar do anúncio ter sido feito esta semana (22 de julho de 2010) na revista Science, a cicatriz do choque foi observada pela primeira vez no Google Earth em abril de 2008 pelo cientista Vincenzo de Michele, curador do Museu Cívico de História Natural, de Milão, Itália. Agora, outro grupo de pesquisadores liderados por Luigi de Falco, do Museu Nacional da Antártida, ligado à Universidade de Siena, na Itália, confirmou que a mesma marca também está presente em imagens de satélites feitas em 1972. Batizada de Kamil, a cratera tem 45 metros de diâmetro por 16 metros de profundidade e segundo Falco foi formada pelo impacto de uma rocha de ferro de aproximadamente 1.3 metros de comprimento com peso entre 5 e 10 toneladas. De acordo com o pesquisador, que esteve no local em fevereiro de 2009, a borda da cratera tem três metros de altura e está rodeada por raios de material mais claro que foram ejetados do solo após o impacto. "Crateras com raios são extremamente raras na Terra, mas muito comuns em Marte na Lua", disse Falco. "Enquanto nesses lugares a esparsa atmosfera praticamente não interfere no ambiente, aqui na Terra os raios de material ejetado somem rapidamente com a erosão". Durante a expedição, os cientistas localizaram mais de 5 mil peças de ferro do meteorito e estimaram que o objeto atingiu a Terra a 13 mil km/h. Meteoritos semelhantes atingem o planeta a cada 10 a 100 anos e a maior parte deles se rompem e incendeiam antes de atingir o solo. Na Terra, existem apenas 176 crateras de impactos confirmadas até agora e a maioria elas se desgasta muito rapidamente. Desse total, apenas 15 são menores que 300 metros o que torna o estudo bastante difícil e raro. Falco disse que a cratera Kamil está bem preservada e que por isso deverá ser de grande valia no estudo desse tipo de meteorito. A equipe também analisou amostras de solo e vidro formado pelo impacto e acreditam que as informações produzidas possam confirmar a idade da cratera. Os primeiros resultados sugerem que o meteorito atingiu a Terra a menos de 5 mil anos, o que é considerado um tempo bastante recente em termos geológicos.
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