Terça-feira, 3 ago 2010 - 10h01
Se as concentrações de dióxido de carbono não forem reduzidas substancialmente, dificilmente a anomalia térmica do planeta será mantida dentro da meta de 2 graus centígrados, fixada pelos países desenvolvidos e tida como aceitável até o final do século. Uma das maiores dificuldades alegadas é não haver um valor de referência "de quanto ainda se pode emitir", mas um novo modelo de emissão poderá ajudar os governantes a resolver este problema.
O excesso de dióxido de carbono, ou CO2, é produzido principalmente pela queima de combustíveis fósseis. De acordo com medições atmosféricas internacionais, sua concentração já aumentou cerca de 35% desde o início da Revolução Industrial e desde então não para de subir. Com a ajuda do novo modelo, cientistas alemães calcularam pela primeira vez a quantidade de CO2 que deverá ser reduzida globalmente para que o limite de 2 ºC não seja superado. E os resultados não são nada animadores. "O que há de novo neste modelo é a introdução do ciclo do carbono para obter os dados das emissões humanas", disse Erich Roeckner, ligado ao Instituto Max Planck, da Alemanha, e principal autor do trabalho.
Baseado nesses números, se as emissões forem controladas o Aquecimento Global continuaria abaixo do limiar de 2 graus até 2100, mas um aquecimento adicional ainda poderia ocorrer a longo prazo. "Vai demorar séculos para o sistema climático global se estabilizar", disse Roeckner.
A metodologia consiste em integrar aos modelos computacionais o ciclo de carbono terrestre e então estimar as emissões antropogênicas. Assim, é possível calcular com exatidão a proporção do carbono gerado pela atividade humana e que é absorvida pela atmosfera e pelos oceanos. A repetição dos experimentos usando diferentes datas iniciais de simulação permite aos pesquisadores detectar com bastante precisão as alterações climáticas antropogênicas (produzidas pelo Homem) daquelas ligadas à variação natural do planeta. O modelo utilizado no estudo é baseado em uma grade de baixa resolução espacial, com espaçamento de cerca de 400 km, e que incluiu a atmosfera, a superfície da terra, o oceano, incluindo gelo do mar, e o ciclo do carbono marinho e terrestre .
Os dados gerados pelo novo modelo também sendo avaliados por outros centros de clima na Europa e EUA e assim que os resultados estiverem disponíveis os pesquisadores poderão avaliar a relação entre os vários modelos. "Quanto mais significativos forem os dados, mais precisas serão as previsões de emissões", disse Roeckner. Veja também: Relógio Carbônico em tempo real
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