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Sexta-feira, 07 dez 2015 - 09h40

Inversão localizada do campo magnético intriga pesquisadores

Ao que tudo indica, a chamada inversão dos polos magnéticos da Terra é um ciclo natural comum e que leva cerca de 500 mil anos para se completar. No entanto, um novo estudo mostra que em alguns lugares do planeta esse período foi muito mais curto, o que despertou a atenção de alguns pesquisadores.

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De acordo com os modelos atuais de dinâmica do núcleo da Terra, uma rápida e brutal mudança na posição dos polos é impossível, mas em 1995 um estranho padrão foi descoberto em antigos fluxos de lava na região do Oregon, EUA. Ali, os registros paleomagnéticos indicavam que as linhas do campo magnético haviam se movido cerca de 6 graus por dia, pelo menos 10 mil vezes mais rápido que o estimado.

Na ocasião, poucos cientistas levaram a sério a possibilidade da inversão rápida, já que todas as observações magnéticas impressas em amostras de lava sugerem que essa mudança sempre foi lenta e gradual.

Pesquisador Jonathan Glen

Para tentar levantar mais dados sobre o que poderia ter alterado o padrão magnético de forma tão rápida, os pesquisadores Scott Bogue, ligado ao Occidental College, de Londres e seu colega Jonathan Glen, do Instituto de Pesquisas Geológicas dos EUA, USGS, voltaram a campo e encontraram uma nova amostra de lava com as mesmas características daquela encontrada no Oregon.

Nesta segunda amostra, coletada no estado americano de Nevada, Bogue e Glen constaram que alguma anomalia também havia mudado o campo magnético daquela região em aproximadamente 0.14 grau por dia, ou 53 graus por ano. Mantida essa velocidade, uma primeira interpretação diria que os polos magnéticos poderiam ter se invertido em menos de quatro anos.

Pesquisador Nick Jarboe coleta amostras de rocha no norte do Estado de Nevada

Apesar da evidência científica da alteração, Bogue acredita que é muito cedo para afirmar que houve de fato uma inversão magnética em tão pouco tempo, já que não existe nenhuma amostra que comprove a inversão total, nem na região pesquisada ou em qualquer outra parte do planeta. "Ao que tudo indica, parece que ocorreu algum fenômeno localizado que fez as linhas magnéticas se movimentarem", disse Bogue.

A opinião de Bogue também é compartilhada por Peter Olson, cientista da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. No entender de Olson, algum evento ainda desconhecido alterou o campo magnético apenas nessas localidades, mas sem abrangência global.

Agora, o que os pesquisadores tentam descobrir é que tipo de evento possa ter provocado essas alterações, além de descobrir se ambas as amostras sofreram as mudanças na mesma época, estabelecendo uma possível ligação entre os dois casos. Ao que tudo indica os fenômenos foram mesmo localizados, restando agora saber como o campo magnético foi alterado de forma tão violenta.


Paleomagnetismo
O paleomagnetismo é a ciência que estuda o campo geomagnético registrado na magnetização das rochas.

As primeiras observações dessa propriedade são atribuídas a A. Delesse e M. Melloni entre 1849 e 1853, que concluíram que as rochas vulcânicas adquirem a magnetização durante o processo de resfriamento. Em 1895, G. Folgerhaiter sugeriu que a direção dessa magnetização é a mesma do campo geomagnético terrestre à época que a rocha resfriou.

Apesar da idéia da inversão geomagnética só ter sido aceita no início do século 20, Folgerhaiter já havia notado que algumas rochas tinham polaridade contrária a do campo magnético atual, mas apenas a partir da década de 1950 é que suas idéias foram retomadas e elaboradas, culminando com a teoria vigente sobre as inversões graduais de polaridade do campo geomagnético.


Fotos: No topo, o pesquisador Jonathan Glen durante trabalho de campo no Estado do Oregon. Na sequência, o cientista Nick Jarboe coleta amostras de rocha magnetizada no norte do Estado de Nevada. Crédito: USGS/Universidade da Califórnia.

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