Sexta-feira, 15 jul 2011 - 06h26
Na manhã de 30 de junho de 1908, uma gigantesca bola de fogo penetrou na alta atmosfera na região centro-norte da Sibéria. Na ocasião, mais de 2 mil quilômetros de florestas foram completamente devastados por um meteoro de 110 toneladas, que criou uma bola de fogo com energia similar à explosão de 185 bombas atômicas similares à de Hiroshima.
Batizado como Evento de Tunguska, o impacto na atmosfera ocorreu às 07h17 da manhã. Devido à rotação da Terra, se o meteoro tivesse atingindo a atmosfera cinco horas mais tarde destruiria por completo a cidade de São Petersburgo, na época capital do Império Russo. De acordo com Don Yeomans, cientista-chefe do NEO, Laboratório de Objetos Próximos à Terra, da Nasa, a bola de fogo foi provocada por um objeto de cerca de 110 toneladas, que entrou na atmosfera a 54 mil km/h. Durante a rápida imersão o bólido aqueceu o ar ao seu redor a uma temperatura de 24 mil graus Celsius. Por ser uma região totalmente inóspita, a explosão foi ouvida por poucos moradores locais, mas de acordo com relatos da época a luminosidade foi tão intensa que durante os dois dias seguintes era possível ler livros na cidade de Londres, há mais de 10 mil quilômetros de distância. Modelos matemáticos recentes mostram que a onda de choque gerada pelo impacto circundou a Terra por duas vezes através da atmosfera. Apesar da explosão ter ocorrido em 1908, os primeiros estudiosos chegaram ao local somente 19 anos depois, após uma série de tentativas frustradas de se atingir a região, dificultadas pelas severas condições siberianas e pala falta de interesse do regime czarista. Devido o impacto ter ocorrido a aproximadamente 9 mil metros de altitude, não houve marcas ou crateras deixadas na superfície, mas pelo menos 2 mil quilômetros de florestas foram completamente destruídas abaixo do local do ponto de entrada. O fato gerou uma grande quantidade de opiniões divergentes e conspiratórias, entre elas a possibilidade da queda de uma nave espacial e até mesmo a explosão de uma bomba alienígena.
A conclusão estava baseada no estudo do perfil de amostras de turfas retirados da região do desastre, que foram mantidas intactas pelo gelo permanente da região. Nas amostras foram encontrados elevados níveis de nitrogênio pesado e isótopos de carbono 15N e 13C, sendo que as maiores concentrações foram medidas nas áreas do epicentro da explosão e ao longo da suposta linha de entrada do objeto cósmico.
Tatjana Böttger, ligada ao centro Helmholtz, concorda Kolesnikov. Segundo ela, a causa mais provável seria o impacto de um asteroide do tipo-C como 253 Mathilde ou até mesmo um cometa, como Borelly. Até hoje, não existe um consenso entre os cientistas sobre o que teria provocado o evento de Tunguska, com as teorias divididas entre a colisão de um meteoro ou choque de um cometa contra a alta atmosfera, mas os estudos mais recentes do episódio fortalecem a hipótese de que o agente causador do impacto tenha sido de fato um pequeno cometa.
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