Sexta-feira, 5 ago 2011 - 06h51
Novas descobertas a respeito do Planeta Vermelho ocorrem praticamente todos os dias, mas algumas chamam mais a atenção devido ao impacto que podem ter no estudo do planeta. Em comunicado oficial, a agência espacial americana informou que estudos recentes baseado em imagens captadas pela sonda MRO apontam para a presença de água líquida na superfície do planeta.
Clique para ampliar De acordo com o estudo, publicado esta semana na revista especializada Science, cientistas ligados à Universidade do Arizona dizem ter encontrado evidências bastante fortes de que durante os períodos de calor, entre a primavera e o verão, filetes de água fluem na superfície do planeta, deixando marcas características na paisagem marciana. Segundo o paper (trabalho científico), as marcas somem nos meses frios, entre o outono e inverno. Segundo Alfred McEwen, principal investigador dos dados coletados pelo instrumento Hirise (High Resolution Imaging Science Experiment) junto à Universidade do Arizona, as imagens de alta resolução mostram estruturas escuras e compridas no solo marciano. “A melhor explicação apresentada até agora para essas feições é o fluxo de água salgada, que parece correr na região imageada”, afirmou o pesquisador. No entanto, alguns aspectos das observações ainda permanecem como um quebra-cabeça para os pesquisadores, mas o provável fluxo de água salgada é a melhor alternativa entre as hipóteses apresentadas, já que a presença do sal diminui a temperatura de congelamento da água. Se a água fosse pura congelaria na temperatura marciana até mesmo no verão.
Clique para ampliar De acordo com os pesquisadores, as imagens mostram fluxos que se alongam e escurecem nas encostas rochosas voltadas para o equador até o início do outono. A sazonalidade, distribuição de latitude e mudanças de brilho sugerem a presença de um material volátil, mas que ainda não foi detectado diretamente. Dados coletados nas regiões estudadas mostram que as condições climáticas são quentes demais para o congelamento do dióxido de carbono e em alguns locais, muito frias para a água pura, sugerindo portanto os efeitos da salinidade, que apresenta ponto de congelamento mais baixo. Depósitos de sal em grandes áreas indicam que as salmouras eram abundantes no passado de Marte e observações recentes sugerem que salmouras ainda podem se formar próximas da superfície.
"É importante notar que as ravinas ou canais observados nas imagens não são escuros por estarem molhados. Isso ocorre por algum outro motivo que ainda estamos estudando", explicou McEwen. Um fluxo iniciado por água salgada poderia reorganizar grãos ou alterar a rugosidade da superfície de modo a escurecer a aparência, mas voltar a ficar claro quando a temperatura cai é mais difícil de explicar. "Isso pode ser um mistério neste momento, mas acredito que poderá ser resolvido em pouco tempo com mais observações e experimentos de laboratório", disse McEwen.
Em 2009, com base em dados coletados pela sonda norte-americana Phoenix, o cientista brasileiro Nilton Rennó, da Universidade de Michigan, explicou como ocorre o ciclo de água no Planeta Vermelho e afirmou que a presença da água em forma líquida pode ocorrer em qualquer ponto onde a temperatura seja maior que -70 graus Celsius e exista qualquer fonte de água. Leia: Brasileiro confirma existência de ciclo da água no planeta Marte No mesmo ano, um artigo também publicado pela revista Science confirmou a existência de gelo subterrâneo na região ártica do planeta a uma profundidade de 5 centímetros e citou a tese de Rennó de que a água em forma líquida pode existir na forma de poças ou gotas, uma vez que o ponto de congelamento cai devido à grande concentração de sais.
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