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Quinta-feira, 27 set 2012 - 09h20
Por Rogério Leite

Risco de colisão pode forçar manobra da Estação Espacial

As agências espaciais da Rússia e dos EUA estão monitorando continuamente dois fragmentos de lixo espacial que podem se chocar contra a Estação Espacial Internacional. Caso seja confirmado que os pedaços podem se aproximar perigosamente, os controladores deverão realizar manobra de fuga ainda na manhã de quinta-feira.

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De acordo com a Nasa, um dos fragmentos pertence ao satélite russo Cosmos 2251, que se chocou contra o satélite americano Iridium 33 em fevereiro de 2009. O segundo pedaço de lixo espacial é o remanescente de um antigo foguete indiano.

Cálculos orbitais mostram que o fragmento do satélite russo atingirá a menor distância da Estação Espacial (ISS) às 11h32 BRT dessa quinta-feira, enquanto o fragmento indiano passará próximo da ISS às 02h47 de sexta-feira.

Normalmente, a Nasa e seus parceiros juntos à ISS ordenam a manobra de desvio quando qualquer fragmento é estimado a passar a menos de 25 km da Estação. Quando isso acontece, a ISS é elevada alguns quilômetros acima da sua órbita tradicional com auxílio dos propulsores dos módulos Soyuz ou ATV, normalmente atracados a ela.

No caso dos fragmentos russos e indianos, caso seja confirmado o risco os controladores ordenarão a ignição dos propulsores do cargueiro europeu ATV, que atualmente está acoplado ao complexo orbital. Os motores serão acionados por cerca de dois minutos e elevarão a órbita da ISS por cerca de quatro km.


Riscos
A blindagem externa da Estação Espacial Internacional pode resistir a impactos de objetos de até 2 centímetros, mas o aumento de incidentes espaciais nos últimos anos fez crescer a possibilidade de choques com fragmentos bem maiores, chegando a 1 chance em 100 a cada seis meses.

A Nasa estima que existem mais de 20 mil peças maiores que 10 centímetros de largura orbitando a Terra e pelo menos 500 mil fragmentos maiores que uma bola de gude. Dependendo da velocidade relativa entre os objetos e a ISS, o choque pode romper a blindagem da nave e provocar sérios danos à nave ou à tripulação.

Desde 1999 a ISS já fez quinze manobras para evitar colisões com restos de lixo espacial, incluindo uma em abril de 2011, quando o laboratório precisou desviar de um fragmento também gerado pela colisão entre os satélites Iridium e Cosmos.

Apesar dos grandes pedaços de lixo espacial serem altamente nocivos à ISS, os pequenos objetos também causam grandes preocupações. Pedaços de poucos milímetros podem ser mortais se perfurarem trajes espaciais ou romperem suprimentos de oxigênio durante atividades extraveiculares, EVA.

Estima-se que a colisão entre os satélites russo e americano em 2009 gerou pelo menos 2 mil peças de lixo espacial, que continuam a circular a Terra em órbitas cada vez mais baixas, muitos deles na mesma altitude da ISS. Em 2007, a explosão proposital de um satélite chinês adicionou ao espaço mais 3 mil fragmentos.


Artes: No topo, Estação Espacial Internacional em foto feita em 2010 por astronautas a bordo dos antigos ônibus espaciais. Acima, modelo orbital mostra a gigantesca quantidade de fragmentos em diversas altitudes. O anel externo é a zona dos satélites geoestacionários, conhecida como Cinturão de Clarke. Crédito: NASA Orbital Debris Program Office/Apolo11.com.

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