Quarta-feira, 24 abr 2013 - 09h04
Por José Alberto Vivas Veloso
Se não há nada para comemorar, a data contém fatos significativos para relembrar. Há cinco anos, no dia 22/04/2008, por volta das 21h, paulistas e paulistanos se surpreenderam com os efeitos de um terremoto de magnitude 5.2. Objetos caíram de armários, lustres balançaram, louças tilintaram e prédios trepidaram levando pessoas a deixar seus apartamentos.
Ocorreram rachaduras em paredes e outras avarias menores, mas ninguém se feriu com gravidade. Em Mogi das Cruzes a vibração do chão deslocou uma adutora deixando mais de 20 mil moradores sem água. Com menor intensidade as ondas sísmicas chegaram a locais de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. O terremoto nasceu em um ponto 17 km abaixo do nível do mar quando parte de uma massa rochosa que vinha sendo deformada por forças geológicas atingiu seu limite de resistência e quebrou. A cidade mais próxima do epicentro, 125 km ao norte, deu nome ao evento: Sismo de São Vicente. O epicentro do abalo de 2008 foi na Bacia de Santos que abriga campos petrolíferos em produção, reservas a explorar e mais a descobrir.
Na capital uma pessoa morreu de ataque cardíaco, objetos de fachadas de prédios caíram nos passeios e o telhado de um prédio ruiu. O Presidente do Estado, Washington Luís, pensou que fosse uma convulsão social com detonação de dinamite e colocou a força pública de prontidão. A Praça da República foi invadida por inúmeras senhoras e senhorias em trajes menores. Dia seguinte, trotes telefônicos anunciavam a iminência de outro abalo e, em revistas, surgiram charges e piadas.
Existem casos brasileiros de sismos induzidos pela criação de reservatórios hidrelétricos e este autor estudou alguns deles, como os ocorridos nas décadas de 1970/80 nos reservatórios de Paraibuna e Paraitinga. O principal evento, em 16/11/1977, atingiu magnitude 3.4 e intensidade sísmica IVMM, alarmando a vizinhança que jamais sentiu a terra tremer, mas nada aconteceu a barragem. Curioso foi a sismicidade associada à extração de água subterrânea, em diferentes épocas, nas cidades de Fernando Prestes, Nuporanga e Bebedouro. A magnitude máxima registrada foi 3.2 e a intensidade IV-VMM. Tais casos foram estudados pelo IAG/USP que lidera inúmeras pesquisas sismológicas pelo país. Vale citar os efeitos de fortes terremotos que chamo de “importados”, pois seus epicentros estão fora do Brasil, particularmente na faixa andina. Mesmo percorrendo enormes distâncias, as ondas chegam com energia para oscilar prédios altos da capital paulista e os exemplos já se contam as dezenas. Eles assustam, mas nunca causaram danos expressivos e é bom que seja assim, pois continuarão acontecendo indefinidamente. Além do Estado de São Paulo há tremores por todo o Brasil e alguns provocaram abandono temporário de cidades, derrubaram e danificaram construções, desabrigaram, feriram e mataram. Bem mais modesto do que o risco dos eventos pluviométricos intensos e prolongados, os terremotos, diferente do que muitos pensam, também podem trazer prejuízos ao Brasil.
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