Quinta-feira, 2 mai 2013 - 10h05
Por Rogério Leite
Uma manobra espacial de emergência feita pela NASA evitou que o telescópio espacial Fermi, de 690 milhões de dólares, se chocasse contra um velho satélite russo desativado. O evento ocorreu em 2012, mas só agora foi revelado pelas autoridades americanas.
Clique para ampliar No dia 29 de março de 2012, os controladores da missão detectaram uma aproximação extremamente perigosa entre o antigo satélite COSMOS 1805 e o telescópio espacial Fermi. De acordo com os dados, ambos estavam a apenas 213 metros de distância um do outro e se nada fosse feito, em poucos dias cruzariam o mesmo ponto no espaço com uma diferença de apenas 30 milissegundos. Na ocasião, o satélite russo viajava no espaço a 44 mil km/h com relação ao telescópio Fermi. Seu peso é superior a 1500 quilos e o choque produziria uma explosão capaz de liberar o equivalente a 2500 toneladas de TNT, aumentando ainda mais a quantidade de lixo espacial na orbita da Terra. "Minha reação imediata foi de espanto. Aquilo era totalmente diferente de tudo que já tínhamos visto", disse a cientista Julie McEnery, cientista da missão Fermi junto à NASA. "Era claro que tínhamos que fazer alguma coisa e tirar o telescópio dali", disse a pesquisadora. Imediatamente, McEnery alertou a equipe de dinâmica de voo e após uma série de cálculos foi dado início ao plano de manobra do telescópio. O plano era disparar os foguetes usados normalmente para as pequenas correções, permitindo que o telescópio mudasse para uma altitude suficiente para se livrar do risco de colisão. "O trabalho é semelhante à previsão de chuva para um determinado lugar em uma hora específica com uma semana de antecedência", disse Eric Stoneking, engenheiro-chefe para o controle de atitude do telescópio junto ao Goddard Space Flight Center, da Nasa. Atitude, que não deve ser confundido com altitude, é o termo usado para descrever a posição física de um satélite dentro da órbita. "À medida que a data da manobra se aproxima as incertezas na previsão diminuem, mas os fatores levados em conta inicialmente podem mudar totalmente", explicou Stoneking. A operação foi realizada com sucesso e em 3 de abril de 2012 os dois satélites se cruzaram com mais de 9 km de distância. "A manobra foi feita com base em procedimentos que desenvolvemos há muito tempo. Era muito simples, basta disparar todos os propulsores por apenas um segundo. O problema é que essa operação é sempre cheia de suspense e tensão e só dá para respirar aliviado quando vemos que tudo correu bem", disse Stoneking. A quantidade de lixo espacial é uma das maiores preocupações das autoridades espaciais em todo o mundo. Estima-se que pelo menos 17 mil objetos maiores que 10 centímetros estejam em órbita ao redor da Terra e apenas 7% deles são satélites ativos.
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