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Segunda-feira, 19 jan 2015 - 10h20
Por Rogério Leite

Cientistas estudam misteriosos pulsos de energia extragalácticos

Um recente estudo mostra que alguns sinais extremamente rápidos, fortes e misteriosos estão sendo disparados continuamente de fora da Via Láctea. São pulsos eletromagnéticos muito rápidos e de intensa energia, mas cuja origem ainda é desconhecida pelos cientistas.

Fast radio burst
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A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores que até agora detectou uma série de sete pulsos desse tipo.

Devido à altíssima velocidade, os eventos foram batizados de FRBs (Fast Radio Bursts, ou Rajadas Rápidas de Radioemissão). De acordo com o estudo, cada pulso tem duração de apenas alguns centésimos de segundo e apesar do pequeno tempo de duração, têm a mesma energia que a emitida pelo Sol em 300 mil anos.

Ainda não se sabe qual a origem desses pulsos, mas segundo o cientista Dan Thornton, ligado à University of Manchester, na Inglaterra, a emissão está localizada entre 5.5 e 10 bilhões de anos-luz de distância, o que significa que os pulsos levaram esse mesmo tempo para chegar até a Terra. Para comparação, a idade estimada do Universo é de 13.8 bilhões de anos.


Sinais extragalácticos
Apesar desses objetos terem sido descobertos agora (apenas sete foram detectados até o iníciod e 2015) os cálculos mostram que a cada 10 segundos pelo menos 1 FRB é emitido em algum lugar do Universo.

De acordo com estudo, publicado recentemente na revista Science, não há qualquer objeto similar a esse que já tenha sido observado nos comprimentos de onda da luz visível, raios-x ou raios gama. Segundo o artigo, os pulsos são tão intensos e estreitos que será possível delimitar o local de sua emissão com margem de erro de poucas centenas de quilômetros.

"Não há qualquer dúvida de que esses eventos têm origem extragaláctica", disse Thornton. “O problema é que até agora não conseguimos identificar a fonte desses sinais", explicou.


Difícil Detecção
Apesar da grande quantidade de pulsos que pode acontecer a cada segundo, o tempo extremamente curto de cada emissão é o maior empecilho para que possam ser observados.

O primeiro pulso de FRB foi detectado em 2007 e deixou os cientistas bastante intrigados sobre sua origem. Por ser tão efêmero, alguns até questionaram sua existência.

Nos últimos anos, a equipe de Thornton passou a vasculhar o céu com a ajuda do radiotelescópio Parkes de 64 metros, localizado na Austrália. O objetivo é pesquisar abaixo do plano da Via Láctea pelos objetos mais poderosos do Universo: as estrelas de nêutrons ou pulsares.

O uso do radiotelescópio Parkes é essencial, pois o equipamento consegue observar uma região fixa do céu por um longo tempo, o que é ideal para a captura dos FRBs.

"Em algum momento nós vamos encontrar um deles no campo de visão do radiotelescópio e poderemos determinar a sua localização", disse Thornton.


Mistérios
Os recentes FRBs foram detectados acima do plano da Galáxia e as operações de acompanhamento feitas durante um ano demonstraram que os sinais não parecem ser repetitivos.

Thorton explicou que todos os esforços estão sendo feitos para que a detecção seja feita em tempo real e não através de reanálise de dados, como é feito atualmente. Isso permitirá que o evento seja seguido quase que instantaneamente.

Para o pesquisador, o ideal seria um acompanhamento em uma grande variedade de comprimentos de onda, o que proporcionaria uma visão mais aprofundada sobre o que impulsiona essas explosões tão poderosas.



Arte: Gráfico mostra a localização dos quatro pulsos FRBs detectados abaixo do plano da Via Láctea. Cada pulso tem apenas alguns centésimos de segundo de duração, mas emitem a mesma energia que a emitida pelo Sol em 300 mil anos. Crédito: MPIfR/C. Ng, Science/D. Thornton et al, Apolo11.com.
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