Sexta-feira, 11 out 2013 - 10h28
Por Rogério Leite
Apesar de alguns astrônomos apostarem suas fichas que o cometa C/2012 S1 ISON pode se desintegrar nos próximos dias, a maior parte dos observadores pensa de forma diferente e afirma que o cometa deve chegar intacto ao periélio, mas não deverá sobreviver.
Clique para ampliar Como temos afirmado desde o início, cometas são os mais instáveis entre os objetos dentro do Sistema Solar e à medida que se aproximam do Sol, mais instáveis e espetaculares se tornam. A dinâmica envolvida é bastante complexa e envolve muito mais parâmetros que aqueles necessários para calcular suas orbitas. Densidade, composição e formato exato da rocha são bastante difíceis de determinar com precisão e eles influenciam diretamente no comportamento de um cometa. E para piorar as coisas, quanto mais perto do Sol, maior a complexidade da previsão embora a orbita permaneça praticamente a mesma desde que foi calculada. Atualmente, ISON se desloca a 125 mil km/h e se localiza a cerca de 220 milhões de quilômetros do Sol e ninguém sabe com 100% de certeza o que vai acontecer com ele quando atingir o periélio, a máxima aproximação da estrela, mas algumas especulações mostram como será o destino do cometa. Clique para ampliar O trabalho dos astrônomos tem sido incessante, pautados mais por dados estatísticos e comparativos do que em observações diretas ou fotográficas, estas últimas usadas principalmente na mensuração da magnitude, detecção de jatos de gás e verificação da rotação do cometa.
Para Ignácio Ferrìn, ligado ao Centro de Física Fundamental da Universidade dos Andes, na Venezuela, a curva de luz secular, uma espécie de histórico do brilho durante a vida de um cometa, mostra clara tendência de queda e estabilidade. No seu entender, isso também ocorreu com os cometas LINEAR, Tabur, Honig e Elenin, que se desintegraram quando a curva de luz se nivelou. Segundo o cientista, apesar de ISON ser um cometa saudável, é pouco provável que contorne o Sol, já que diversos cometas que apresentaram curvas de luz similares também se desintegraram diante da aproximação máxima. Apenas para lembrar, ISON deverá chegar a apenas 1.1 milhão de quilômetros da escaldante superfície da estrela. De acordo com Ferrìn, afirmar que os cometas são imprevisíveis não é uma opinião sensata, já que o nivelamento da curva secular é uma assinatura típica de cometas cujo destino é a desintegração.
Segundo Knight, que também utiliza meios estatísticos para prever o destino de ISON, dados históricos mostram que cometas com núcleos menores de 200 metros são altamente suscetíveis à destruição por perda de massa devido à sublimação, enquanto cometas maiores, como ISON, estão mais sujeitos à ruptura pelas forças de maré. Para Knight, mesmo que ISON se parta em diversos fragmentos, ainda assim o maior remanescente deverá ser grande o suficiente para sobreviver à perda de massa decorrente da sublimação, o que significa que poderá ser um cometa muito brilhante após periélio. Apesar das opiniões contrárias, nenhum dos pesquisadores levanta a hipótese de desintegração do núcleo antes do final de novembro e independente do destino do cometa, o show está garantido. Contornando ou não a superfície do Sol.
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