Quarta-feira, 8 jul 2015 - 10h11
Por Rogério Leite
Embora as imagens captadas pelo instrumento LORRI ainda não tenham revelado todo o seu potencial, as diversas cenas captadas por ele já permitiram criar o primeiro mapa de Plutão, que revelam diversas características interessantes.
Clique para ampliar Muitas pessoas pensam que o fato de a sonda New Horizons ter sido lançada em 2006 seja o fator determinante para que imagens mostradas até agora não sejam tão boas. Afinal, a tecnologia das câmeras da missão tem quase 10 anos e hoje em dia qualquer celular faria imagens muito melhores. Isso talvez seja verdade se consideramos a captação de selfies, imagens de festinhas ou paisagens, mas é completamente inverídico - para não dizer non-sense - pensar que uma câmera espacial de 2006 seja igual a um celular de 2015.
Clique para ampliar Além disso, a construção de um telescópio desse tipo, capaz de operar em baixíssimas temperaturas é um desafio da engenharia, já que as deformações no tubo óptico provocadas pelo frio seriam catastróficas para a missão. Para evitar isso, LORRI é construído de carbeto de silício e é um dos maiores telescópios desse tipo já lançados ao espaço e sua tecnologia não fica muito atrás da que seria possível em 2015. Para se ter uma ideia do poder do instrumento, o conjunto consegue resolver detalhes de aproximadamente 1 segundo de arco, o que significa que no dia da máxima aproximação, em 14 de julho, o LORRI será capaz de separar detalhes de apenas 50 metros na superfície de Plutão.
Já diziam os mais antigos que "para bom entendedor, pingo é letra" e no caso das imagens do LORRI pode significar o início da real exploração de Plutão. A imagem no topo do artigo é um exemplo disso. Ela foi criada com dados (imagens do instrumento LORRI) e também do instrumento Ralph, capaz de observar o planeta no espectro ultravioleta. A cena mostra uma série de feições dispostas ao longo do equador plutoniano, com destaque para uma grande área escura no lado esquerdo, batizada de "baleia" devido à semelhança com o mamífero. As primeiras estimativas mostram que a baleia tem aproximadamente 3000 quilômetros de extensão e pode ser formada por um grande cânion ou união de crateras formadas no passado. Ao lado direito da Baleia temos uma área bastante brilhante, com cerca de 1600 km de comprimento. As primeiras especulações feitas pelos cientistas ligados ao APL (Laboratório de Física Aplicada da Johns Hopkins University) explicam que são regiões relativamente novas, talvez compostas de metano congelado, nitrogênio e/ou monóxido de carbono, elementos químicos capazes de grande capacidade de reflexão sob baixíssimas temperaturas. À direita da área brilhante temos os quatro misteriosos pontos que intrigaram recentemente, tanto aos cientistas quanto ao público leigo interessado. Cada um desses pontos tem centenas de quilômetros de diâmetro e de acordo com interpretações baseadas no conhecimento que se tem de outros planetas, podem ser crateras de impacto ou vulcões extintos. Naturalmente, à medida que se aproxima de Plutão as feições fotográficas ganharão mais definição e permitirão lançar novos questionamentos. Mas sempre é importante destacar que o conhecimento sobre Plutão está só no começo e esse primeiro mapa equivale àquelas cartas náuticas do século 15, velhas e estranhas, mas que permitiram ao Homem sair da sua zona de conforto e descobrir novas terras. Quem viver verá! LEIA MAIS NOTÍCIAS
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