Sexta-feira, 23 out 2015 - 10h24
Por Rogério Leite
KIC 8462852 pode ser considerada uma estrela comum, localizada a cerca de 1480 anos-luz da Terra, mas uma estranha anomalia em seu brilho levantou diversas hipóteses, até mesmo a possibilidade de estar envolvida em uma mega estrutura alienígena.
Estrela KIC 8462852 - Clique para ampliar Após diversos anos de observação voluntária ela foi classificada como um objeto intrigante e digno de pesquisa, uma vez que a sua luz variava de modo bastante irregular sem que uma causa conhecida justificasse essa estranha anomalia. Para tentar entender essa variação de brilho, uma equipe internacional de astrônomos passou a estudar a estrela usando dados do telescópio espacial Kepler, especializado na detecção de planetas extrasolares. O Kepler faz isso registrando a variação cíclicas de brilho de uma estrela, geralmente provocada pela passagem de um exoplaneta na frente do disco luminoso. Essa técnica é conhecida como "deteção por trânsito". Através dos dados coletados pelo telescópio, uma equipe de cientistas liderada pela astrônoma americana Tabetha Boyajia, da Universidade de Yale, encontrou mergulhos não periódicos e de intensidade muito irregular na luminosidade de KIC 8462852. Essas variações ocorreram em média a cada 750 dias e intrigaram os pesquisadores, uma vez que eram consistentes com centenas ou milhares de pequenos objetos muito próximos entre si orbitando a estrela. De acordo com o paper publicado pela autora, o primeiro grande "apagão" escureceu a estrela em cerca de 15% seguido por um big-dip que deixou a estrela 25% menos luminosa. Segundo a cientista, um planeta gigante com o tamanho de Júpiter teria condições de escurecer em apenas 1% a estrela. Desta forma, nem se todos os planetas do Sistema Solar passassem juntos na frente de KIC 8462852 produziriam um apagão tão pronunciado. Além disso, a não periodicidade e a grande variação de brilho entre os apagões descartavam a hipótese de um planeta ou outros corpos próximos orbitarem a estrela
Uma das hipóteses apresentadas aponta para uma estrutura gigante criada por uma nuvem de cometas desintegrados e que estaria orbitando a estrela de forma elíptica. Essa ideia até faz sentido, pois existe uma estrela anã vermelha a 132 bilhões de km de distância que poderia ter perturbado o sistema e "arremessado" milhares de objetos em algum momento do passado, teoricamente da mesma forma como ocorreu na nuvem de Oort, que (também teoricamente) sofreu alguma perturbação e arremessou os cometas não periódicos que penetram no Sistema Solar interior. No entanto, no entender dos cientistas, a noção de que uma nuvem de cometas possa reduzir em 25% a luz de uma estrela maior que o nosso Sol parece bastante improvável, embora não descartada. Além das hipóteses mostradas, outras possibilidades também estão sendo investigadas. Entre elas o obscurecimento provocado por grandes manchas solares, material arremessado por uma gigantesca colisão de planetas e até mesmo a presença de um sistema solar inteiro que orbitaria uma estrela companheira. Radiotelescópio Green Bank - Clique para ampliar
Naturalmente, esse último palpite é bastante distante daquilo que se pode considerar verossímil, embora a ideia de colocar grandes espelhos ao redor da Terra não é tão fantasiosa assim.
Para isso, diversas instituições já anunciaram sessões de novas observações, entre elas o Instituto SETI que usará o radiotelescópio Allen na tentativa de buscar sinais extraterrestres que possam vir da vizinhança da estrela, o Green Bank Telescope, em West Virginia e também o Very Large Array Radio Telescope, no Novo México. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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