Segunda-feira, 24 jul 2017 - 09h00
Por Rogério Leite
Uma explosão solar de extrema intensidade ocorreu nas primeiras horas de domingo, 23, e foi registrada pelos satélites que monitoram a atividade da nossa estrela. Se ocorresse alguns dias antes, as partículas acertariam diretamente a Terra, com consequências imprevisíveis.
Registro da explosão solar ocorrida farside (lado oposto do Sol) em 23 de julho de 2017. A magnitude do flare pode ter chegado a X3. Clique para ver a animação. A poderosa ejeção de massa coronal (EMC) ocorreu exatamente na região ativa AR2665, que há duas semanas estava faceada em direção ao nosso planeta. Ainda não é possível estimar com absoluta certeza a magnitude energética do evento, mas cientistas especializados no estudo do Sol acreditam que o flare de raios-x gerado no momento da explosão pode ter atingido a classe X3, quase o topo da escala de medições. Um flare dessa magnitude equivale a um pico de energia de cerca de 35 GigaWatts no comprimento de ondas de raios-X, injetados diretamente no topo da atmosfera da Terra. Embora esse tipo de emissão seja bloqueada pela atmosfera e não chegue à superfície, seus efeitos ionizadores são bastante cruéis e podem levar a blecautes severos em sistemas eletroeletrônicos e satelitais. No caso da explosão desse domingo, as partículas foram lançadas do lado oposto do Sol, em direção a Marte e possivelmente serão detectadas nos próximos dias pelos jipes-robôs Curiosity e Opportunity, que estudam o planeta Vermelho. Escapamos por pouco.
Assista ao Vídeo do Halloween Storm Durante os dias do evento o Sol produziu diversas explosões maiores que Classe X17, que lançaram em direção à Terra bilhões de toneladas de partículas carregadas. No primeiro impacto das partículas, o índice KP que mede a instabilidade ionosférica atingiu o nível 9 e a tempestade geomagnética que seguiu durou cerca de 60 horas, produzindo auroras boreais visíveis até em Miami. Em 4 de novembro de 2003 ocorreu a maior tempestade solar já registrada por instrumentos. De acordo com os pesquisadores, essa rajada atingiu a classe X28. Alguns estudos mostram que esse valor pode ter sido ainda maior e o nível de raios-x pode ter atingido a impressionante classe X40. Para que o leitor tenha uma ideia da violência do evento, a explosão danificou 28 satélites, uma sonda na órbita de Marte e provocou um apagão na Suécia. Além disso, foi registrada por diversas naves interplanetárias, entre elas a Voyager, na época na orbita de Plutão. O satélite SOHO, que registrava o evento, ficou momentaneamente cego pela descomunal quantidade de energia que atingiu seus sensores. Por sorte, a área mais densa das partículas ejetadas não atingiu a Terra diretamente, passando de raspão pelo nosso planeta. Considerando que atualmente nosso Sol quase nem manchas apresenta, será que ainda teremos tempo de testemunhar um evento parecido com o Halloween Storm? Dá pra encarar? LEIA MAIS NOTÍCIAS
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