Quarta-feira, 29 abr 2020 - 11h16
Por Rogério Leite
Imagens de alta resolução captadas pelo telescópio espacial Hubble mostram que o grande cometa C/2019 Y4 ATLAS se fragmentou em diversos pedaços. Esperava-se que o cometa brilhasse bastante nos próximos dias, mas essa possibilidade não existe mais.
Imagem do cometa C/2019 Y4 ATLAS feita pelo telescópio Hubble em 20 de abril mostra diversos fragmentos formados após o rompimento do núcleo cometário. As imagens foram feitas entre 20 e 23 de abril de 2020 a pedido da NASA, ESA e algumas universidades estadunidenses e europeias e revelaram que o núcleo cometário se partiu em cerca de 30 fragmentos, cada um deles do tamanho aproximado de uma casa. A descoberta do objeto ocorreu em 28 de dezembro de 2019 com auxílio do telescópio pertencente à rede ATLAS, que monitora e emite alertas sobre possíveis impactos de asteroides contra a Terra. A partir de então, o cometa aumentou muito de brilho até meados de março, o que aumentou as especulações de que poderia ser visível a olho nu a partir do mês de maio. Imagens do cometa C/2019 Y4 ATLAS feitas pelo telescópio Hubble em 20 e 23 de abril revelam a pulverização crescente dos restos da fragmentação. Crédito: NASA/ESA/D. Jewitt (UCLA), Quanzhi Ye (University of Maryland). No entanto, C/2019 Y4 começou a diminuir de brilho, o que levou os astrônomos a especular que seu núcleo poderia estar se fragmentando. Em 11 de abril, a fragmentação do ATLAS foi confirmada inicialmente pelo astrônomo amador José de Queiroz, que fotografou diversas partes desconectadas do núcleo. Agora, as observações do telescópio Hubble mostram que os fragmentos quebrados envolviam parte da cauda varrida pela luz solar. Segundo os pesquisadores, essas imagens fornecem mais evidências de que a fragmentação do cometa é provavelmente comum e pode até ser o mecanismo dominante pelo qual os núcleos sólidos e gelados dos cometas morrem. De acordo com David Jewitt, ligado à UCLA e líder de uma das duas equipes que fotografaram o cometa a partir do Hubble, a fragmentação ocorreu de forma rápida e imprevisível. Como as observações confiáveis são raras sobre esses processos, os astrônomos permanecem bastante incertos sobre a causa da fragmentação. As cenas nítidas captadas pelo Hubble podem gerar novas pistas sobre o processo de fragmentação, composta de muitas peças distintas e pequenas. Segundo Jewitt, antes do rompimento, o núcleo do ATLAS não era maior que dois campos de futebol. Durante a desintegração, C/2019 Y4 ATLAS estava 146 milhões de quilômetros da Terra. Se algum fragmento sobreviver, cometa fará sua aproximação mais próxima da Terra em 23 de maio, a 116 milhões de quilômetros. Oito dias depois contornará o sol a 40 milhões de quilômetros. Se algo restar. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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