Quarta-feira, 8 set 2021 - 09h27
Por Rogério Leite
Uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia afirma que se nada for feito em relação ao modo como os dados trafegam pelos continentes, um possível surto eletromagnético causado pelo Sol pode levar ao colapso a atual rede de comunicação submarina, responsável pela maior parte do tráfego de dados da internet.
Existem entre 1,6% a 12% de chances de uma tempestade solar altamente severa atingir a Terra a cada década. De acordo com o estudo, apresentado na Conferência de Comunicação de Dados SIGCOMM 2021, existem entre 1,6% a 12% de chances de uma tempestade solar altamente severa atingir a Terra a cada década e embora os cabos de fibra ótica não sejam afetados por correntes induzidas geomagneticamente, o mesmo não se pode dizer das redes submarinas. Segundo um dos autores do trabalho, professor Sangeetha Abdu Jyothi, os longos cabos ópticos submarinos que conectam continentes são interconectados através de repetidores espaçados a cada 50 a 150 quilômetros, mas diferentemente dos cabos ópticos que compõe o sistema, os repetidores são altamente vulneráveis às correntes geomagnéticas e seguimentos gigantes podem se tornar inúteis se apenas um dos repetidores ficar off-line. "O que realmente me fez pensar sobre isso é que, com a pandemia, vimos como o mundo está despreparado para um evento solar extremo. Não há qualquer protocolo para lidar com isso de forma eficaz. Nossa infraestrutura submarina não está preparada para uma grande tempestade solar". Mapa mostra a rede de cabos ópticos submarinos atualizada em janeiro de 2019.
Em 1859, no incidente que ficou conhecido como Evento Carrington, a energia da tempestade solar foi tão intensa que fios da rede telegráfica explodiram e auroras polares foram vistas em Cuba e Miami. Em março de 1989, uma tempestade solar de forte intensidade bloqueou toda a província canadense de Quebec por nove horas.
Se cabos submarinos suficientes falharem em uma determinada região, continentes inteiros podem ser desconectados uns dos outros. Além disso, países localizados em latitudes elevadas - como os EUA e o Reino Unido - são muito mais suscetíveis ao clima solar do que as nações em latitudes mais baixas, como por exemplo o Brasil e Austrália. No caso de uma tempestade geomagnética catastrófica, são as nações de alta latitude que têm maior probabilidade de ser bloqueadas primeiro. É difícil prever quanto tempo levaria para consertar uma infraestrutura subaquática, mas o estudo sugere que são possíveis paralisações em grande escala que podem durar semanas ou meses. "O impacto econômico de uma interrupção da Internet por um dia nos Estados Unidos é estimado em mais de US $ 7 bilhões", explicou Jyothi. "E se a rede permanecer inoperante por dias ou até meses?" Se não quisermos descobrir, as operadoras de comunicação precisam começar a levar a sério a ameaça do clima solar extremo, à medida que a infraestrutura global da Internet se expande a passos largos. Colocar mais cabos em latitudes mais baixas seria um bom começo, assim como a criação de links provisórios via satélite, que permitam rotear redes inteiras através do espaço. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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