Segunda-feira, 17 out 2022 - 10h38
Por Rogério Leite
Estudar localmente o planeta Vênus sempre foi um dos maiores desafios da exploração planetária. Embora próximo da Terra, o planeta apresenta uma pressão atmosférica esmagadora e uma temperatura média infernal, que impedem uma prospecção local duradoura.
Devido a essas características, a superfície de Vênus é hostil e implacável e todas as sondas que lá chegaram e pousaram duraram apenas algumas horas antes de serem destruídas. Entretanto, a exploração do planeta é uma necessidade dos cientistas, que nunca deixaram de pensar em alguma forma alternativa de contornar o problema. Pensando nisso, o Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, escalou dezenas de engenheiros e técnicos para testar um conceito antigo, mas que até agora nunca tinha saído do papel. O resultado foi a criação de um aerobot, uma espécie de balão robótico inflável, que em 10 de outubro de 2022 completou com sucesso dois voos de teste sobre a região de Nevada, EUA. O objetivo do voo era demonstrar que um balão inflável em Vênus deve ser capaz de sobreviver na sua densa atmosfera, a uma altitude de 55 quilômetros acima da superfície. Para corresponder às temperaturas e densidades da atmosfera venusiana, a equipe elevou o balão a uma altura de 1 quilômetro, onde fez manobras de altitude controlada. De acordo com o JPL, foram coletados milhares de dados que agora serão utilizados para melhorar os modelos de simulação do futuro voo venusiano.
Para controlar a altitude, o aerobot conta com a ajuda de respiradouros de hélio. Para o balão subir o hélio do reservatório é liberado para o invólucro externo e para descer o hélio é ventilado de volta ao reservatório. Isso faz com que o balão externo encolha e perca parte de sua flutuabilidade. De acordo com os projetistas, a uma altura planejada de 55 km acima do solo de Vênus, as temperaturas não são tão infernais e as pressões atmosféricas são menos intensas que na superfície. Entretanto, esta região da atmosfera ainda é extremamente hostil , já que as nuvens estão carregadas de gotículas de ácido sulfúrico. Para ajudar a proteger desse ambiente corrosivo, os engenheiros construíram o balão com uma material multicamadas, com revestimento à prova de ácido e uma camada metalizada para reduzir o aquecimento solar, além de uma camada interna que mantém a estrutura forte o suficiente para transportar os instrumentos científicos. A preocupação com o ambiente hostil é tão grande que até os selos de pressurização foram confeccionados com material à prova de ácido. De acordo com o JPL, a capacidade de proteção mostraram que o material e a construção empregados devem funcionar satisfatoriamente em Vênus.
Para fazer a exploração, o aerobot não estará completamente sozinho. A ideia é trabalhar em conjunto com um orbitador acima da atmosfera, que atuará como um retransmissor entre a Terra e o balão.
Algumas das análises mais interessantes a serem feitas seriam a da própria composição da atmosfera. O dióxido de carbono compõe a maior parte da atmosfera e alimenta o efeito estufa descontrolado que transformou o planeta em um inferno na superfície. As análises devem fornecer pistas importantes sobre como isso aconteceu. LEIA MAIS NOTÍCIAS
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