Se o objetivo do interessado é ver através do instrumento imagens semelhante àquelas captadas pelo telescópio Hubble, pode desistir nesse momento. Nenhum telescópio do mundo permite ver imagens desse tipo. Nem mesmo o próprio Hubble. Aquelas imagens maravilhosas que vemos na TV ou no Apolo11 são o fruto de meses de observação automática e captação acumulada da luz das estrelas e galáxias que após serem processadas ainda recebem cores para destacar seus detalhes.
Em outras palavras, se um astrônomo fosse ao espaço e olhasse através do Hubble não veria aquelas imagens.
Com os telescópios aqui na Terra ocorre a mesma coisa e muitas das maravilhosas imagens feitas nos grandes observatórios óticos não são um "instantâneo" daquele momento. São imagens obtidas após a sobreposição de milhares de momentos, que foram registrados digitalmente ou através de fotografias convencionais em chapas fotográficas.
Básico do Básico
Quando o assunto é telescópio, logo vem à mente aquele tubo longo, com um conjunto de lentes em cada extremidade, mas existem outros tipos de instrumentos.
De modo prático, quanto maior o diâmetro de um telescópio, também chamado de abertura, maior será a quantidade de luz que poderá captar e também maior a será capacidade de ampliação, geralmente limitada a 2 vezes o tamanho da abertura medida em milímetros. Assim, um telescópio comum de 100 milímetros de diâmetro permite ampliar até 200 vezes. Essa é a regra.
Se um vendedor lhe oferecer um telescópio que aumenta 600 vezes, mas a abertura é de apenas 60 milímetros, fuja dele! Esse telescópio pode ampliar corretamente no máximo 120 vezes.
Tipos de Telescópios
Existem basicamente dois tipos de telescópios: os refratores, construídos com lentes e os refletores, que usam espelhos. Os primeiros também são chamados de lunetas e normalmente o tubo dos modelos amadores não passa de 1 metro de comprimento por 10 centímetros de diâmetro.
Os do tipo refletor (a direita) permitem maior captação de luz e por isso mesmo são mais indicados na observação do céu profundo. Devido ao custo, os modelos refletores são os mais usados pelos amadores.
A lente principal usada em um telescópio refrator (visto abaixo) é chamada de objetiva e sua construção é um processo muito caro. A construção de objetivas com mais de 300 milímetros de diâmetro esbarra em limites físicos quase intransponíveis o que encarece sobremaneira os telescópios refratores. Normalmente, telescópios desse tipo são encontrados com facilidade desde que seu diâmetro não ultrapasse 150 milímetros. A partir daí o custo sobe exponencialmente com o aumento do diâmetro.
Os espelhos usados nos modelos refletores, ao contrário, são bem mais fáceis de construir e devido ao menor custo permitem a montagem de telescópios médios e de grande porte.
O telescópio espacial Hubble, por exemplo, utiliza esse tipo de construção e seu espelho principal mede 2.4 metros de diâmetro.O telescópio de Monte Palomar, nos EUA, um dos maiores do mundo, tem um espelho esférico de 5 metros de diâmetro.
São comuns os telescópios amadores desse tipo, com diâmetro variando desde 100 milímetros a mais de 300 milímetros.
Fotos: No topo, nebulosa NGC 36903, registrada pelo telescópio espacial Hubble. A cena não foi obtida através de uma única exposição, mas é fruto de meses do registro da luz da mesma região do universo. Crédito: Nasa/Hubble Team. Acima, dois tipos clássicos de telescópios: o refrator, à esquerda e o refletor, à direita. Telescópios refratores são fabricados com lentes e seu custo é maior que os refletores, fabricados com espelhos.